A terceira edição do Festival El Mapas de
Todos está confirmada para os dias 6, 7 e 8 de novembro, em Porto Alegre. Essa
é a segunda vez que o evento é realizado na cidade. O tema do festival desse
ano é “Por um novo Peabiru”, de acordo com os organizadores é uma referência ao
caminho pré-colombiano que ligava o continente sul-americano.
A
proposta do festival é essa mesma integrar a América do Sul, mas dessa vez não
por estradas e sim por meio da música.
O
curador do festival, Fernando Rosa, mais conhecido como Senhor F, concedeu
entrevista para o blog Ruídos das Américas e falou sobre música, organização e
a dificuldade dos brasileiros em consumir música dos países vizinhos.
Como
surgiu a ideia de realizar o festival?
Surgiu
em Brasília, em 2008, a partir da nossa relação com a música em espanhol – a
minha em particular, e do portal que editava e continuo editando, Senhor F, que
promovia a divulgação da história do rock latino e também acompanhava as cenas
atuais dos respectivos países. Havia o estímulo para que os festivais
promovessem a integração, mas não havia um festival com esse perfil específico.
No
total quantas edições do festival já ocorreram?
Com
este perfil mais definido e nome, estamos indo para a terceira edição. A segunda
edição aconteceu em Porto Alegre, em abril de 2011, já com patrocínio da
Petrobras. E também do Ministério da Cultura, por meio da Lei Roauanet. A
terceira edição está prevista para o mês de novembro, dias 6,7 e 8, também em
Porto Alegre, no Opinião.
Quais
são os objetivos do festival?
Promover
a integração por meio da música, acho que poderia ser o mote principal do
festival. Apostamos na construção de uma plataforma comum de circulação no
continente sul-americano. E na maior troca de informações entre as cenas
musicais dos respectivos países.
Quais
foram as principais mudanças da primeira edição para atual?
A
principal delas foi a de local, pois o festival transferiu-se de Brasília para
Porto Alegre. No caso, Porto Alegre aprofundou a ideia de integração, pelo fato
de sediar outros eventos como Fórum Social Mundial e a Bienal de Mercosul. O
fato do festival ter como palco o Opinião, uma referência local e nacional em
matéria de casa de espetáculos. Acredito que também avançamos na curadoria,
aproximando-nos mais da realidade das cenas de cada um dos países. Ainda
evoluímos em organização e qualidade de produção.
Os
organizadores tiveram que realizar alguma adaptação devido ao perfil do público
brasileiro?
Pouca
coisa, apenas alguns ajustes em relação ao lineup que precisa contemplar
artistas locais, ou nacionais, com mais peso, para compensar o pouco
conhecimento do público brasileiro em relação à produção dos países vizinhos.
Quais
foram os critérios para line-up do El Mapa de Todos 2012?
Os
critérios são variados, mas basicamente tem como focos centrais a qualidade
autoral, o momento de cada artista em seu país e a busca de uma diversidade
estética. Não é tarefa fácil, especialmente por haver uma quantidade muito
grande de artistas de excelente qualidade e dispostos a participar do festival,
que não temos condições de convidar. Um fator que baliza a curadoria é a
questão financeira, limitadora dos convites, principalmente devido ao alto
custo das passagens aéreas.
Quais
são as principais dificuldades para a realização de um evento desse porte?
O
que torna as coisas difíceis são os recursos limitados e, por outro, a
burocracia que ainda nos obriga a atender diversos requisitos legais. Mas,
temos avançado nesses quesitos, seja conquistando novos apoiadores e dominando
todo o processo legal junto aos Ministérios do Trabalho e de Relações
Exteriores. Outra dificuldade é o distanciamento do público brasileiro da
produção musical dos países latinos, que faz a maioria conhecer
superficialmente somente os grandes nomes. Nesse ponto, temos contado com o
apoio da mídia em geral, seja em Porto Alegre, no Brasil e mesmo no exterior,
que divulga o festival com entusiasmo.
Qual
é a média de público da edição anterior do festival?
Em
torno de 2 mil pessoas, um pouco menos do que primeira edição, em Brasília, que
contou com cerca de 3 mil pessoas. Mas isso era esperado, pois estávamos
apresentando o festival em Porto Alegre, para um público que desconhecia o
projeto e, em um momento não muito bom do mercado musical.
Qual
é a expectativa de público para esse ano?
Nossa
expectativa para esta edição é contar com um público médio de 1.500 pessoas por
dia, o que sabemos não é fácil de atingir.
Quais
são os valores dos ingressos?
Os
ingressos custam R$ 20,00 por noite.
Interessados
de outros estados podem comprar o ingresso pela internet?
Quais
são as principais barreiras para o pouco fluxo de música vinda de países
vizinhos?
A
principal barreira é ideológica, resultado de um mercado comandado pela
indústria musical anglo-saxã. Sempre foi mais fácil comprar um disco, ou um cd
de artistas ingleses ou americanos, do que de um artista argentino, uruguaio ou
peruano. Com isso, o ouvinte brasileiro foi impedido de conhecer a produção dos
países sul-americanos. E, pior, ainda foi bombardeado com o “excedente” da
produção mainstream de baixa qualidade “made in Miami”. Com a internet, pelo
menos o acesso se tornou mais fácil, mais ainda é preciso promover o estímulo
ao conhecimento, à audição.
Serviço:
Festival
El Mapas de Todos
Local:
Opinião
Endereço:
Rua José do Patrocinio, 834 - Cidade Baixa – Porto Alegre
Datas:
6, 7 e 8 de novembro.
Lineup:
6 de novembro –
terça-feira
Fábrica do General Bonimores (Brasil)
Algodón Egípcio (Venezuela)
Esteban (Brasil)
Franny Glass & Banda (Uruguai)
Apanhador Só (Brasil)
7 de
novembro – quarta-feira
The Tape Disaster (Brasil)
NormA (Argentina)
Bidê ou Balde (Brasil)
Bareto (Peru)
El Cuarteto de Nos (Uruguai)
8 de
novembro – quinta-feira
Medialunas (Brasil)
Dënver (Chile)
Autoramas (Brasil)
Juan Cirerol (México)
Nenhum de Nós (Brasil)